Em uma sessão de sabatina que demorou menos de quatro horas nesta terça-feira (8), a indicação de Gabriel Galípolo como futuro presidente do Banco Central foi aprovada por unanimidade na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A indicação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu 26 votos favoráveis e nenhum contrário.
O nome de Gabriel Galípolo deve agora ser votado ainda hoje na sessão plenária. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já havia agendado para esta terça a votação do indicado à presidência do BC, e que assumirá a cadeira que hoje é de Roberto Campos Neto.
Um total de 27 senadores fizeram questionamentos a Galípolo, após a fala inicial do indicado por Lula. Ao final da sabatina, o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), presidente da CAE, disse que todas as perguntas dos senadores foram respondidas de forma equilibrada por Galípolo.
"A escolha do economista Galípolo para o cargo significa a tranquilidade de que a instituição será muito bem conduzida", disse Vanderlan ao final da sessão.
A sessão na comissão transcorreu de forma tranquila, sem maiores discussões ou controvérsias. Parmentares do PT, do PL, do MDB, do Podemos, entre outros partidos, fizeram questionamentos principalmente de ordem técnica, e o tema da alta dos juros esteve presente na maioria das perguntas e colocações dos senadores.
Foi o caso, por exemplo, do senador Rodrigo Cunha, líder do Podemos. O representante de Alagoas indagou se está sendo eficiente a limitação de juros de cartão de crédito em no máximo 100% do valor da dívida, adotada por lei desde 3 de janeiro deste ano.
Em resposta, Galípolo afirmou que encontrar formas de diminuir as taxas de juros pagas pelas pessoas é uma das agendas prioritárias para os próximos ciclos do Banco Central.
"A gente vê, em vários outros países, que as pessoas têm a tendência a usar imóveis, a usar ativos que têm como garantia para ter acesso a crédito mais barato", afirmou o indicado.
Temas como independência do Banco Central, sangue frio diante de pressões do meio político para redução dos juros, controle da inflação e até a explosão de apostas online também estiveram presentes nas perguntas a Galípolo. Sobre bets, por exemplo, o senador Omar Aziz (PSD-AM) defendeu a suspensão das plataformas de apostas esportivas até que elas sejam regulamentadas. Para ele, o governo federal é voltado à defesa dos mais pobres, mas está demorando demais na tomada de soluções.
O senador citou dados do Banco Central segundo os quais 8,5 milhões de beneficiários do programa Bolsa Família estão apostando em jogos on-line recursos vitais para sua subsistência. Omar Aziz ressaltou ainda que as bets ficam com 99,2% do dinheiro que é apostado, enquanto os apostadores ficam com 0,8%.
Gabriel Galípolo, em resposta a Aziz, afirmou que o BC acompanha o tema para entender o aspecto de desenvolvimento das famílias e como ele vem afetando o consumo da população.
Questionado também pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ) sobre o tema das apostas, Galípolo afirmou que a atribuição da autoridade monetária é se limita apenas a "analisar o impacto das bets na economia brasileira e no endividamento das famílias".
O relator da indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central foi o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).