Passageiros enfrentaram transtornos para conseguir usar o transporte público em Juazeiro. O problema também atinge Petrolina, visto que pessoas que trabalham no vizinho município foram os mais prejudicados na manhã desta terça-feira (28). Motoristas de ônibus fizeram uma paralisação por causa do atraso nos salários.
"Este problema transporte público é uma bomba que os prefeitos devem ficar atentos pois vai explodir e os mais prejudicados são os moradores dos bairros periféricos de Juazeiro e Petrolina", avalia um engenheiro, especialista em transporte que prefere ficar no anonimato, ressaltando que as pessoas precisam se deslocar, ou seja, precisam ter acesso aos locais de trabalho, aos centros empresariais, às escolas, aos hospitais, às repartições públicas, aos parques e locais de lazer, entre outros, usando os mais diferentes meios de transporte público.
Ano passado uma série de webinários Tendências para as Cidades trouxe à tona uma discussão sobre a crise financeira enfrentada pelos sistemas de transporte público nas cidades brasileiras. Sob o tema "A insuficiência da receita tarifária no transporte", especialistas e gestores debateram as raízes estruturais e conjunturais que têm deteriorado a qualidade e reduzido o número de passageiros ao longo das décadas.
Um dos principais pontos abordados foi a dependência excessiva das tarifas pagas pelos usuários como principal fonte de financiamento. Segundo Carlos Carvalho, engenheiro civil e doutor em Economia, essa modalidade de financiamento se mostrou insustentável frente aos desafios atuais.
"Precisamos repensar modelos mais inovadores que não sobrecarreguem o usuário e garantam a sustentabilidade financeira dos sistemas de transporte público", afirmou Carvalho.
Durante o evento, foram discutidas diversas propostas para diversificar as fontes de financiamento, tanto a nível local quanto nacional. Tainá Bittencourt, gerente de Mobilidade Urbana da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), destacou a necessidade de explorar novos modelos de parcerias público-privadas e a criação de fundos específicos para investimentos em transporte público. "É fundamental que o financiamento seja estruturado de maneira a não comprometer a acessibilidade e a qualidade dos serviços oferecidos", enfatizou Bittencourt.
Um dos pontos debatidos foi a viabilidade de utilizar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) como uma fonte adicional de recursos para a melhoria e expansão do transporte público. Sérgio Avelleda, coordenador do Núcleo de Mobilidade Urbana no Insper, argumentou que a Cide poderia ser uma ferramenta eficaz se aplicada de forma estratégica e transparente. "É preciso um debate amplo e colaborativo para definir como esses recursos podem ser mais bem utilizados em prol da mobilidade urbana sustentável", ponderou Avelleda.
Com os debates, ficou evidente a necessidade de um esforço conjunto entre gestores públicos, especialistas e sociedade civil para encontrar soluções que garantam a viabilidade econômica e a eficiência dos sistemas de transporte público no Brasil. Modelos inovadores de financiamento, como os discutidos no webinário, prometem abrir caminho para uma mobilidade urbana mais acessível, eficiente e sustentável no país.
Em um cenário onde as cidades enfrentam crescentes desafios de congestionamento e poluição, investir na melhoria do transporte público não é apenas uma necessidade, mas também uma oportunidade de transformação positiva para milhões de brasileiros que dependem diariamente desse serviço essencial.