O ex-presidente Jair Bolsonaro está prestando depoimento, neste momento, diante do ministro Alexandre de Moraes, da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é acusado de ter planejado um suposto golpe para impedir a posse de Luiz Inácio da Silva em 2002, o que ele nega.
É a primeira vez que Bolsonaro e Moraes, que antagonizaram por anos, ficam frente a frente e diante das câmeras. A TV Justiça transmite ao vivo a sessão, com ampla reprodução da imprensa.
No começo do interrogatório, Bolsonaro pediu desculpas ao ministro do STF por ter insinuado que ele e outros ministros da Corte teriam recebido milhões de dólares de forma ilegal durante o processo eleitoral de 2022.
O pedido de desculpas aconteceu após Moraes questioná-lo sobre o tema.
"Quais eram os indícios que o senhor tinha de que nós estaríamos levando US$ 50 milhões, US$ 30 milhões?", questionou o magistrado.
"Não tenho indício nenhum, senhor ministro. Tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Era um desabafo, uma retórica que usei. Se fossem outros tres ocupando, eu teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe. Não tinha essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta dos senhores três", respondeu Bolsonaro.
As insinuações de Bolsonaro sobre o suposto recebimento ilegal de dólares pelos ministros aconteceu durante uma reunião ministerial em 5 de julho de 2022, quando Bolsonaro e outros ministros discutiram o cenário eleitoral daquele ano.
"Os caras não têm limite. Eu não vou falar que o Fachin tá levando US$ 30 milhões. Não vou falar isso aí. Que o Barroso tá levando US$ 30 milhões. Não vou falar isso aí. Que o Alexandre de Moraes tá levando US$ 50 milhões. Não vou falar isso aí. Não vou levar para esse lado. Não tenho prova, pô! Mas algo esquisito está acontecendo", disse Bolsonaro na ocasião,
A troca aconteceu quando Moraes o questionava, entre outros pontos, sobre o discurso de Bolsonaro contra o sistema de urnas eletrônicas, que ele criticava, sem provas, dizendo que era vulnerável a fraudes.
O ex-presidente disse que não é o único que desconfia das urnas eletrônicas. E afirmou que o agora ministro do STF, Flavio Dino, um aliado de Lula, questionou a credibilidade do sistema de votação em 2010, quando perdeu a eleição para o governo do Maranhão.
O ex-presidente quis mostrar um vídeo com essa declaração de Dino, mas Moraes proibiu a exibição de conteúdos que já não estejam nos autos do processo.
"Eu joguei dentro das quatro linhas [da Constituição] o tempo todo. Muitas vezes eu me revoltava, falava palavrão. Mas, no meu entender, fiz o que devia ser feito", respondeu.
Bolsonaro e os demais réus estão sendo ouvidos em depoimento como réus no processo que os avusa de integrar o "núcleo crucial" que teria liderado uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas últimas eleições.
Todos negam as acusações, e o ex-presidente se diz vítima de perseguição política.