A Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) realizou uma reunião nesta terça-feira (5) para debater a revitalização do Velho Chico e do bioma Caatinga, mostrando que a união de esforços entre diferentes entidades pode gerar resultados significativos. Durante o encontro, o coordenador da CCR, Cláudio Ademar, destacou exemplos concretos de recuperação ambiental na região.

Ademar citou o sucesso das obras financiadas pelo CBHSF na Serra dos Morgados, onde nascentes foram recuperadas e o rio Estiva, que não corria há mais de dez anos, voltou a fluir. Ele ressaltou que essas ações mostram como um planejamento estratégico pode fazer a natureza responder, gerando benefícios ambientais e econômicos. “É preciso associar a Caatinga em pé com o desenvolvimento da sua população”, afirmou, defendendo a recuperação sustentável por meio de agroindústrias da agricultura familiar.

Sertão Vivo e o potencial de Itaparica

A representante da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Kamila Ferreira da Silva, apresentou o programa Sertão Vivo, uma iniciativa do Governo Federal que visa promover a resiliência climática e o desenvolvimento sustentável no semiárido. A CAR, empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural da Bahia (SDR), busca combater a pobreza e promover a sustentabilidade. O programa Sertão Vivo, que conta com o apoio do BNDES e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola da ONU (FIDA), usou quatro indicadores para ranquear municípios, priorizando ações em áreas críticas.

Cláudio Ademar defendeu a união das experiências do CBHSF e da CAR, sugerindo que o território de Itaparica, inserido no Sertão Produtivo e em área desertificada, seja um projeto-piloto para essa colaboração. A proposta inclui a participação do Ministério do Meio Ambiente, que tem assento no Comitê Gestor da Conta do Programa de Revitalização dos Recursos Hídricos das Bacias do São Francisco e Parnaíba (CPR São Francisco e Parnaíba), responsável por gerir um fundo de R$ 800 milhões destinados à bacia.

Recursos e futuro da revitalização-O CPR São Francisco e Parnaíba, criado dentro do Programa Águas Brasileiras, substituto do antigo Plano Novo Chico, financia 16 projetos de revitalização na bacia do São Francisco. Já o programa Sertão Vivo, segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), prevê o investimento de R$ 1,75 bilhão para beneficiar 430 mil famílias no Semiárido.

Victor Leonam Aguiar, também da CAR, reforçou a necessidade de focar inicialmente na preservação da água no ambiente e para complementar as ações do Sertão Vivo, foram debatidas ideias como o investimento na produção de umbu e caju em terras áridas, apoiando a agricultura familiar.

A reunião terminou com o agendamento de uma nova apresentação de projeto para o dia 27 de agosto, em Lagoa Grande- PE. O objetivo é que a CAR apresente uma proposta conjunta ao Conselho Gestor do CPR, focando em iniciativas de recaatingamento e tecnologias sociais que se adequem ao território.

CHBSF/Juciana Cavalcante