Cinco cidades baianas estão entre as dez mais violentas do país, informou o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025 divulgado nesta quinta-feira (24). O estudo, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, tem como base ocorrências registradas em 2024 e incluem homicídios dolosos, latrocínios [roubo seguido de morte], lesões corporais seguidas de morte e letalidade policial. As cidades pesquisadas têm 100 mil ou mais habitantes.
Conforme o estudo, a cidade mais violenta do país no último ano foi Maranguape (CE), na Região Metropolitana de Fortaleza. O município, de mais de 108 mil habitantes, contabilizou 87 mortes em 2024, atingindo taxa de 79,9 mortes por grupo de 100 mil habitantes. Assim como outras cidades do Ceará, o território reflete uma disputa sangrenta entre duas facções criminosas, o Comando Vermelho (CV) e os Guardiões do Estado (GDE), diz o Anuário.
Jequié, no Sudoeste baiano, que antes aparecia em terceiro lugar no ranking das cidades mais violentas do país do Anuário, assumiu a segunda colocação, com taxa de mortalidade de 77,6 por 100 mil habitantes. Embora tenha apresentado uma redução de 2,2% no número de mortes violentas intencionais entre 2023 e 2024, passando de 134 para 131 vítimas, a cidade permanece como uma das mais violentas do país.
O município consta ainda do ranking das maiores taxas de letalidade policial: das 131 mortes registradas pelas ações no último ano, 44 foram provocadas pelas polícias Militar e Civil, ou seja, 1 em cada 3 mortes na cidade foram provocadas por agentes estatais.
O terceiro lugar do ranking é de outro município baiano. Juazeiro, no Sertão do São Francisco, viu o número de mortes violentas intencionais crescer 9,6% no último ano e chegar a 194 vítimas, taxa de 76,2 por 100 mil. A percepção é que os casos refletem a interiorização da violência que tomou o Estado, em grande medida pela expansão de grupos criminosos.
Na cidade atuam ao menos duas facções que operam o narcotráfico segundo reportagens de imprensa: o Bonde dos Malucos (BDM) e uma dissidência deste grupo intitulada “Honda”34.
Na quarta posição entre as cidades mais violentas do país está Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). A cidade, que tinha aparecido em segundo lugar no ranking do ano anterior, apresentou redução de 12,1% no número de vítimas de mortes violentas, passando de 272 mortos em 2023 para 239 em 2024.
Apesar da melhora, a taxa se mantém elevada, com 74,8 mortes por 100 mil. Depois das cidades pernambucanas de Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata, com 73,3 e 73 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente, Simões Filho, também na RMS, aparece em sétimo lugar como mais violenta do país com taxa de 71,4 mortes por 100 mil.

Foto: Divulgação / Anuário Brasileira de Segurança Pública 2025
O Anuário destaca que o “município que figura há anos entre os mais violentos do país tem sido alvo de disputas entre grupos criminosos como Bonde dos Malucos (BDM) e Comando Vermelho (CV). O oitavo e o nono lugar são ocupados pelas cidades cearenses de Caucaia e Maracanaú, com 68,7 e 68,5 mortes por 100 mil.
Feira de Santana finaliza a lista das dez violentas com taxa de 65,2 mortes por 100 mil. No ranking anterior, a segunda cidade mais populosa da Bahia, ocupava a sexta posição. Assim, mesmo com taxa ainda alta, a cidade apresentou redução de 6,5% no número de vítimas de mortes violentas intencionais.
No caso de Feira de Santana, o Anuário destacou a prisão em junho deste ano em São Paulo de uma liderança do narcotráfico vinculada à facção BDM. O fato ocorreu em uma operação conjunta da FICCO8 , o que evidencia vínculos entre a organização criminosa local e o PCC.